O olhar artístico

        (Head of a young apostle, Rafael)

Por herança cultural, nossos estudos se baseiam no que já temos, e os clássicos são atemporais, a incorporação estética nos abre uma nova perspectiva de conhecimento. Mas como é a nossa visão, quando o que nos mais chama a atenção são os rostos, os retratos? Isto seria hedonismo ou vaidade, como o mundo das selfies?

Em minha experiência particular, posso dizer que o que vemos é simplesmente a intenção desse rosto, muito diz o próprio olhar, sempre há um rosto mais específico a ser escolhido, não é qualquer rosto que tenha uma boa representação, é como sentir a intenção que passa por muito além da sua estética, pois a princípio a forma estética é muito ligada a nossa atenção, e então descobrimos algo dentro deste magnetismo intuitivo, um tanto secreto e particular. Podemos dizer que relacionamos com os "olhos do passado", já que a figura do clássico, remete a outro tempo, não obstante ainda atual, de certo modo.

(Releitura de Charles Le Brun - "Cólera")

Associamos expressões das quais estamos nos relacionando em nossas vidas, em determinado momento, é parte do nosso mundo interior, as experiências interiores que vivemos. Interessante notar que na maior parte do tempo, se torna uma relação bem menos consciente, já que ficamos projetando essas formas sobre esboços e desenhos, algo particularmente real em nossas vidas. 

No tempo de escola por exemplo, nós que temos este costume de desenhar, durante as aulas, quando o professor não chega a nenhum ponto de clareza, o assunto perde seu sentido, nós entramos no estado de recuperar nosso pensamento crítico em algo sutilmente mais inteligente. A ilustração é a ajuda vinda do inconsciente para uma melhorar a compreensão através dos nossos sentidos, que molda todo o caráter da nossa visão de mundo. 

Todo artista tem uma mente idealista, pois, nós queremos sempre demonstrar uma possibilidade.

Ser alguém especial 

Seja por ter maior sensibilização, ou por ter capacidades sinestésicas ou não, isto não deve ser motivo para se envaidecer, já que isto nos difere apenas porque temos um objetivo de vida com este dom dado por Deus e nosso esforço conta para nosso desenvolvimento pessoal e interior, não me referindo a busca de carreiras e especializações, ainda que o procure, mas poder viver disso, por amor. 

É a forma como crescemos, junto com a nossa expressão. Devemos acreditar que somos especiais, no sentido único, e poder alimentar o entusiasmo, que nos faz buscar sempre, formar nossas concepções ilustrativas. Temos que prestar atenção na inspiração e não deixa-la passar, um artista sem inspiração, não trabalha pelo espírito, trabalha por obrigação. Quem ama seu trabalho, não trabalha, faz o que gosta.

Comunicação

Acostumamos a pensar que falar é o único meio de comunicar-se. Mas longe disso, também temos a comunicação não-verbal. Esta que nos tempos atuais vem sendo utilizada com bombardeios dentro de nossa mente, sem pedir permissão para isso. Antes um vendedor apenas batia de porta em porta, e buscava vender seus produtos, mas hoje já se embute o produto e a associação ideal de modo psicológico, e sabemos que a mente nada retém, apenas busca ocultar. 

Entretanto, um artista não é aquele que embute pensamentos mas aquele que passa sua visão, não se preocupando em gerar muitas atenções para si, nem em quem ou quantos vão ouvi-lo, não por mérito, ou por diploma especializado, ou pelo ganho financeiro. Pois podemos precisar de dinheiro para sustento mas não dependemos só do pão mas da também da palavra que vem de Deus, os dons concedidos por ele para nós, nos conectam com a nossa essência. Podemos não prestar atenção, mas estamos elevando a essência de nosso Pai, criador, pois Deus também mora em nós, o que nos deu em beleza e contemplação, vem dele e deve retornar a ele, como um ato desmedido de si mesmo.

Como no Humanismo, os velhos mestres nos ensinam a caminhar pelas virtudes, sendo que em nosso trabalho, o primeiro esforço vem da paciência e esta é fruto espiritual do amor, pois é muito fácil rabiscar desproporcionalmente hoje em dia, ou apenas jogar um balde de tinta em uma tela para ficar famoso, e ganhar muito dinheiro. Mas quase não se vê aquele que não depende de atenção para sobreviver na sociedade, porque os verdadeiros artistas ficam ocultos, porque assim se trabalha de verdade, não é preciso grande exposição para ter grande sucesso, quem deve julgar a arte é o próprio ser quem o faz, e isto deve servir-lhe como ensinamento, pois se ganha sabedoria com a maturidade.

Sabemos que grandes humanistas fizeram deste mundo o que é, sem o qual não teríamos tantas oportunidades de conhecimento, se não fosse a essas existências de anos de dedicação, com um pouco de paixão e loucura, mas tinham amor pelo que faziam. Consagraram suas vidas a suas filosofias para que hoje podessemos ter algum entendimento e saber, em outras palavras, é a voz de Deus sobre o nosso tempo, a nossa história da humanidade.

E isto não acabou neles, a sabedoria sempre existirá em quem o busca verdadeiramente.

O olhar

Sabemos que o olho humano nos guia, senão seríamos cegos, andaríamos apalpando na escuridão, mas o segundo sentido de olho, está na prática do verbo olhar, isto é a visão. Visão significa sonhos inconscientes, ideais filosóficos, e está associada ao espírito, enquanto o olho fisíco é a porta de entrada. Diz o ditado que "o olho é o espelho da alma", e é aí que o artista mora, nós vemos dentro dos olhares, portanto estamos contatando o zeitgeist. Isto é, o espírito do tempo e de uma determinada época na história.

Um dia que se passe desenhando alguém poderá desdenhar e dizer "mas isto não serve para nada". Isto ocorre porque o indivíduo está focado no lado material, que de fato, não há lucro, quando o que se tem é um pensamento espontâneo, e porque de fato, estamos sempre o buscando? É nossa criança interior levada pelo entusiasmo, é nosso espírito. Não podemos anular o que temos de fazer, pois uma necessidade deve ser separada de outra necessidade, as coisas do homem (a Terra, e o efêmero) e as coisas de Deus (O céu, e a eternidade), nunca saberemos se não seguirmos nossa intuição.

Me considero artista experimental, uma entusiasta das formas, comecei desenhar desde criança e nunca parei. Isto me abriu portas para conhecer outras categorias de arte visual, como a pintura a óleo, que me fez apreciar o mundo do realismo clássico. Mas não sigo a perfeição, apenas tenho em mente de trazer o máximo próximo que conseguir de uma releitura ou de uma criação inspirada nos velhos mestres, sou apaixonada por aprender e respeito a linguagem, mantendo-a, no traço e na sombra. Prefiro aprender sozinha, em minha solitude, para manter minha liberdade e equilíbrio. Não vivo disso financeiramente, muito embora possa ter vendido alguma coisa. Você não evolui apenas o traço, com o passar do tempo, mas o seu pensamento. Considero o estudo das formas como parte fundamental da minha personalidade. 

Através da intuição, compreendi que uma bela pintura não se faz da noite para o dia, assim como o esforço nos compensa pela prosperidade do espírito.

(Releitura de Guercino -"Um anjo sentado na nuvem, tocando alaúde")

Lápis carvão sanguínea

A3

Os maus espíritos

Há espíritos bons quanto espíritos maus, que na psicologia, é encontrado e identificado através dos conteúdos reprimidos em cada personalidade individual. Basicamente quando olhamos em alguém e sentimos uma presença ruim somente pelo olhar, ou uma aura muito negativa, não conseguimos estar perto por muito tempo daquela pessoa em particular e não temos alguma explicação para isso.

O que acontece é que estamos presenciando a sombra de determinada pessoa, um aspecto tão profundo de seu ser, que parece ter tomado todo seu centro.

No livro de Daniel, na Sagrada Escritura, está mencionado muitos animais da qual poderíamos interpretar nos sonhos como reinos, poderes e ameaças. 

Podemos criar alegorias ou símbolos para tentar observar algo no ser humano que é semelhante ao comportamento do reino animal. Não no sentido perojativo, mas uma situação espiritual da qual se está.

Macaco

Aquele indivíduo que sente prazer em ver o mal das outras pessoas. Que fica de galho em galho, procurando um problema para se alimentar. O ditado popular diz "fulano é macaco velho". Caracterizado pela fofoca, difamação, humilhação.

Cão

O espírito do cão, é normalmente possuído por aqueles que vivem em desgosto, que vivem das misérias dos demais, fica com as sobras e vive negando sua própria vida, amaldiçoando a si mesmo. Caracterizado pela autopiedade, o "pobre de mim".

Cobra/ serpente

É o espírito da astúcia, do planejamento, assim como diz o ditado popular sobre a esperteza da raposa. Tem sagacidade, e sabe atacar, Jesus nos diz, "sede prudentes como a serpente e simples como a pomba", mas somente serpente, é algo maligno. Espírito parecido com o da viúva-negra, uma aranha que é a própria causadora da morte do seu parceiro. É caracterizado pela maldade.

Hiena

Não se trata de algo engraçado, se trata daquele ser que consegue rir e até mesmo gargalhar com o sofrimento alheio. Provavelmente já deve ter presenciado uma risada com esta aura negativa. É marcado por essa característica.

No nosso folclore popular, alguns desses são mencionados tais como o Saci Pererê, um menino que gosta de travessuras, na cultura popular nórdica, o deus Lóki, mesma figura trapaçeira. São figuras que trazem confusão e inversão.

Inúmeras comparações podem ser usadas, assim como podem surgir em muitas formas, em uma mesma pessoa, ou indivíduo que passa por essa transitoriedade de espírito. 

Linguagem da vestimenta e cosmético

Se uma roupa não define o caráter de uma pessoa, ao menos diz sobre sua intenção.

A roupa deve definir quem somos, mas nem sempre isso é possível, já que em nossa cultura Ocidental, tradicionalmente usamos uniformes de trabalho - uma questão de obrigação. A moda também lança conceitos que fogem mais do caráter definido, e passam a ser apenas conceitos mutáveis, a moda pode lançar um esteriótipo baseado na beleza de uma modelo, para lucrar mais com seus conceitos e propostas de status, do que aquilo realmente servirá para uso prático do produto ou utilitário do mesmo. O batom com cores de boca, certamente que, pela moda, passa a ser algo velho, então é preciso lançar produtos exóticos para o público geral, de certa forma, um apelo a fantasia, ao carnaval, a irrealidade. O batom exótico da modelo passa ser de uso prático na vida de uma mulher comum por exemplo, por influência da propaganda, que por assim dizer, também é um adormecimento de consciência, de tal maneira que as cores são azuis, laranjas, preto, roxo, amarelo, usam portanto em sentido alienativo. Associados ao marketing, hoje maiormente digital, com influenciadores, famosos e celebridades, que aderem ao modismo.

A moda é um luxo que consegue ser atraente pela sua simetria, mas o uso prático faz sua magia acabar.

Sapatos de salto alto são elegantes, mas nada confortáveis por mais que se faça macio, então o que faz uma mulher se interessar por algo que não precisa ter? São as cores, a simetria, o design, o material, a textura, a personalização deste produto, aliado a figuras arquetípicas que bem conhecemos. As atrizes, as modelos, alguma cena de filme, alguma personagem ficcional, híbrida, associada a sedução, assim como as sereias, as fadas, e a condensação dos objetos, dentro da nossa realidade. Modelagem tem simetria, mas a moda atual faz recortes desnecessários, pega ideias antigas, e as "transforma" como objeto de desconstrução, uma peça atemporal como uma camisete social feminina, se transforma em uma aparência espacial, com mangas trabalhadas no algodão, completamente exageradas de tamanho, ou então se embute um laço de amarrar na frente da camisete como se fosse na linguagem praiana, tropical, que passa ser de uso para trabalho. A estamparia não mais produz ou presta atenção na delicadeza, ao contrário, pelo novo relançamento da estampa tie-dye, tudo o que se tem são manchas, assim como as estampas sempre com cara de tropical, folhas enormes e caricatas, não se encontra nenhum tipo de romantismo ou sofisticação, quando se acha é muito raro, algo que as empreendedoras de hoje passam a ser desafiadas pela carência da feminilidade nas opções de tecido.

É de se esperar que até as repórteres servem de modelo para a moda da dita preguiça pelo capricho, não se obtém o serviço-produto por algum esforço, senão o que vemos é um desprezo, uma anulação da essência da mulher, quando não em linguagem exagerada, desproporcional, ou desmedida. A mente da indústria não consegue processar mais nenhum detalhe, nenhum encanto, nenhum mimo, pois o que se tem em mente é o tempo, o custo, a pressão por metas, o ajuste da máquina operacional. Cabe as empreendedoras individuais tentar resgatar alguma coisa, neste sentido. Já que em meio ao comércio, as opções serão sempre catastróficas, nos submetemos ao conceito mutável e não ao sentido real, por isso é bom prestar atenção, pegar ideias é bastante importante, observar e aprender, mas o esforço deve prevalecer em qualquer momento.

A moda é uma criação humana baseada em traduzir sonhos, de diversos gostos, mas sua essência é o trabalho, é trazer a ideia, para a vida prática, para vestir momentos eternos. As modelos são as musas atuais que inspiram outras mulheres, e tem um poder influenciador grande, na escolha da compra, talvez pelo tom de pele, a identificação, a beleza delas, tal como o manequim, é um ícone da idealização, nos faz nos imaginar dentro de algum ideal psíquico. É um mundo lunar, vindo do feminino, em buscar a realização. 

Provações espirituais e sensibilidade

 

Neste mundo, há muitos tipos de pessooas, há os mais inteligentes, os mais sábios, e há também os mais sensíveis. Há também muitas missões, que cada pessoa tem que passar. A sensibilidade não é uma doença, não é uma fragilidade apesar de parecer. As pessoas nos transferem seus melhores e piores sentimentos. A sensibilidade do coração pode se tornar um fardo ou uma benção, porque depende da sua destreza em passar por cada situação.

Talvez seja uma das tarefas mais árduas que existem, porque passamos por muitos sofrimentos com o qual faz parte da nossa realidade. O trabalho do coração é uma missão especial, quando bem trabalhado, se encontra o amor verdadeiro, o sentimento mais puro e consagrado por Jesus, Nosso Senhor, a cura é benéfica, transcende a vida humana, passa por provações espirituais enquanto vive, encontra muitos maus espíritos no caminho, mas são eles que nos fazem triunfar, nossa luta não é contra a carne e o sangue mas contra as potestades do ar.

As pessoas na maior parte do tempo, não tem controle sobre suas próprias emoções, são desgovernados, não possuem freios. Quando uma situação entra no nosso ciclo de energia, nos enfraquece momentaneamente, a carga negativa é muito forte, mas nós contribuímos para isso, positivamente ou negativamente. A transferência deve ser rejeitada, pois quando não assumimos um papel consciente dentro da ação, não estamos preparados para lidar com a fraqueza de outrem. Se em desvantagem nos atingem, se por falta de ficar alerta, sucumbir, entrou em um jogo de cartas, ou em um labirinto maligno, mais difícil será de sair então.

A sabedoria consiste em preservar o amor dentro de si, e toda ação deve terminar em amor, não em guerra, mas em paz. O mal chega para os despreparados mas não obtem exito quando não acha uma moradia para se instalar. O sábio é aquele que não discute, vigia o tempo a todo momento, não se retira do seu posto de vigilância, como um soldado trabalhando.

Deus nos dá força para passar por muitas situações mas não fará o que precisamos fazer por si mesmos. Nós podemos diminuir a força negativa, inibindo-a, através de nossas ações e atitudes pacíficas. 

Confiança

 

Relacionamentos que são baseados em artificialidades não tem solidez, um bom relacionamento é construído a partir da confiança. Cada vez mais vemos uma má adaptação entre duas pessoas, e quando observamos o motivo, é por falta de solidez. Um barco que afunda, é um barco com algum problema, pois não foi firmado suficientemente, da mesma forma, uma casa que não tiver boa estrutura. 

A falta da confiança, faz o indivíduo estar em constante dúvida, tudo o que faz é empurrar com a barriga, se alimenta de míserias de espírito, se contentando com as migalhas de sentimento alheio. A confiança vem primeiro em si mesmo, pois para oferecer é preciso ter, nós precisamos de amor, mas precisamos saber doar, doar não é querer tomar algo de volta, a doação é algo espiritual, se dá e não se espera, logo se surpreende com a reciprocidade, pois não é premeditada, ela é livre, outra pessoa escolhe você, escolhe que vai doar parte de si mesmo, quando não tem nenhuma obrigação em faze-lo, por isso é belo.

Relacionar-se com confiança é relacionar com a verdade, nada pode dar errado. Porque na verdade o coração está sendo sincero, está dando abertura para algo novo acontecer, os momentos especiais exigem que saíbamos esperar por eles, de algum modo já existem, mas acontecem em algum tempo determinado, não obstante.

O amor é carregado de sentimentos, mas não significa retirar toda razão, nem substituí-lo apenas por algum desses dois. De fato, terá que trabalhar os dois lados da mesma moeda, pois um relacionamento humano, de qualquer modo, exige que tenha coordenação com a razão e a emoção, esta é a capacidade de saber usar o remo do barco.

Relacionamentos verdadeiros são baseados em valores e princípios fortes, capazes de construir uma boa amizade. Um bom relacionamento amoroso desenvolve companherismo, e isto também é uma questão de valores. Nada bom, se aproveita fora dos valores, tudo de bom se aproveita nos valores.

Duas pessoas são mais fortes que uma só, duas pessoas fazem uma soma de energia mais forte do que a anterior. Deus não nos fez para sermos sozinhos mas para somarmos forças no plano da espiritualidade. Sabemos que a sustentação de cada casa, é devido a soma da energia de cada casal, o casal é o pilar para qual nasce uma nova geração. Cada corpo individual tem uma morada espiritual, mas isto não significa que o homem espiritual tenha que trabalhar sozinho, para isso Deus criou a mulher, que poderá conceber sua descendência, ambos devem trabalhar juntos. A sábia edifica e a tola derruba, como bem sabemos.

O lar de paz somos nós que construímos, o trabalho enobrece a alma do homem, mas não pode buscar respostas ou culpar coisas externas, enquanto se tem como controlar a si mesmo.