(Battista Franco - "São Jerônimo meditando"/ releitura)
Um indíviduo que passe maior tempo com suas telas, longe de opiniões públicas, ou do que acontece no mundo e de seus modismos, certamente achará na tela, algo mais profundo, não a tela como um objeto material de tecido e madeira, mas a dimensão do que pinta e como pinta, que contexto histórico conhece algo pela pura intuição - sabe que não sabe, ou sabe e não sabe ao mesmo tempo.
A imagem estática pode gerar desconforto, pode gerar vislumbre, admiração, e comumente leva a mente a pensar, de fato, a ação de refletir pode trazer as recusas da mente de quem aprende a pintar como daquele que aprende a apenas ver as pinturas, levando-o ao confronto de si mesmo diante da realidade. Um pintor pode recusar seu quadro por recusar seu conteúdo, ou porque seu comportamento muda.
Ele aprende a ver o mundo sob uma ótica diferente, isto quando em contato sincero, monta seus ideais e suas crenças, através de uma representação. É um fato de que a mente humana faz suas concepções através de imagens psíquicas, essas mesmas vinda da síntese ou integração de dados da própria imagem estática formada por nós. A arte da reprodução é explorar as possibilidades imaginativas, do que podia ser.
Para alguns pode ser desconfortável ter que retirar algo do zero de sua mente e colocar em um espaço em branco, porque tem o mesmo efeito daquele que escreve e não quer mostrar o que escreveu, pois carrega algo particular, que as vezes nos parece fácil de que outro entenda seu significado, mas não é isto que ocorre. O que captamos é um saber intuitivo, não teria como um pintor traduzir facilmente ao público o que sentiu ou o que viu nesta imagem ou figura representada a pinceladas. Nenhum pintor descreveria exatamente o que conseguiu sentir ou ver, ou saber, não conseguimos explicar ou não achamos necessário faze-lo, por isso imagens ficam expostas, a saber que só poderíamos vivenciar a pintura se olharmos para ela.
O indivíduo que passa portanto, a olhar no seu interior mais do que o mundo que o cerca, passa a conhecer a verdadeira sabedoria, porque conhece a si mesmo, certamente que com consciência, ainda que de modo inconsciente inicialmente. Dizia Aristóteles, que o espanto da realidade, é o que permite filosofar, “A admiração, o estranhamento é o modo de ver daquele para quem o filosofar é um modo de viver".