sexta-feira, 27 de agosto de 2021

Lei da Observância - Mimésis

( Leonardo da Vinci - Profile of a warrior in helmet)

Por imitar, não me refiro a plagiar o trabalho de alguém. Mas sim o ato de "imitar" - tentar por esforço próprio, alcançar a forma por assim dizer perfeita. Um costume entre os pintores dos séculos passados - na incorporação da forma estética, "mimésis". Aqui, me refiro, as Belas Artes, porque seguimos respeitando as formas de linguagem de determinada época. Hoje damos o nome de "releitura", que do mesmo modo, é um ato de fazer da mesma forma que o outro sob sua ótica fez. 
Plagiar é um ato desonesto sob a qual alguém se presta a roubar uma ideia, o que não se deve fazer. Ao contrário da mimésis, que busca o alto desempenho de alcance por meio um estudo mais aprofundado, honrando o trabalho de outro artista consagrado.

Pintores greco-romanos se questionavam e buscavam um ideal perfeito de beleza que vai muito além da forma bela de um corpo humano, um era um influenciado pelo trabalho do outro, cada um herdava a forma estética do pintor anterior, o antecessedente. O ideal filosófico está presente até hoje, eternizado em valores que conhecemos e nos é muito familiar. Ainda que mal compreendido pela sociedade que vivemos. Esses povos são o berço da nossa civilização, a ponte entre o conhecimento e os valores morais e éticos.

Neste sentido, a imitação, é para o artista, neste curto espaço-tempo a forma de retomar a linguagem, não obstante, a prática da mimésis, é o olhar para o mundo mortal, o mundo dos homens e a forma como este se comporta.

Lei da Observância - Natureza

 


Aquele que vive perto do campo tem o privilégio de poder aprender com a natureza, assim como o trabalhador do campo que pela manhã acorda, ao som do galo cantar, pisando na grama molhada do orvalho da chuva que se foi. Sem nenhum desânimo, poēm-se a trabalhar. 

Assim, não há melhor professor da vida do que a experiência. E aquilo que faz pensar e meditar, é provindo do verde. O verde que prospera, tem profundidade nas suas raízes cor do barro. E o ato de observar, nada mais é que entrar em contato com este mundo feito por Deus. Observar a criação é contemplar sua obra máxima. Entramos pelo canal da arte, apenas porque queremos enfatizar este olhar, e dizer "como é belo". Não há outra forma de se apurar, do que aprender a olhar o movimento. Há movimento em tudo, a todo instante.
As árvores chacoalham de um lado para o outro, evocando o som das águas. Os passáros cantam, batem as asas, seu som é sentido contra o ar. Tudo tem ritmo, e som. As palavras são cores, pintamos para retirar o aparelhamento de uma coisa com a outra. 
O olhar do artista, diz muito do seu particular, seu modo de ver e olhar, a sua visão de mundo. Misteriosamente começamos a conversar com a natureza, no caminho dos trabalhos, se percebe um relacionamento maior com o Criador de todas as coisas. 
A saber que o que realmente importa não é bem o externo, mas o que vem de dentro para fora. 
É portanto, fundamental praticar a observância do mundo material, natural, em suas nuances. Uma inspiração surge a partir das memórias e nasce da paixão e do entusiasmo do artista. 

Aperfeiçoamento se dá na medida em que se reconhece isto. A busca de uma disciplina também é importante para cultivar melhor a sua busca interior.

Davi, era um simples pastor de ovelhas, e estava sempre pronto a ouvir a voz de Deus. Sua harpa, trazia conforto ao rei. Davi tinha a humildade, suficiente para combater seus desafios e inimigos. Tinha a coragem, e a disposição. Era capacitado para ser escolhido por Deus, pois achava nele as virtudes necessárias.
Davi estava em contato com o campo, cuidava de suas ovelhas. As conduzia, guiava, cuidava.
Não foi pelo escolhido por seu porte físico, se fosse assim, seus irmãos teriam ido no seu lugar. 

   ("Davi e Golias" de Gustave Doré)

As vezes, não estaremos fisícamente no campo ou na natureza. Mas precisamos leva-los no coração e na mente.




segunda-feira, 23 de agosto de 2021

O guerreiro ideal


       (O guerreiro ideal - Michelangelo) 

Como não encontrar com a mesmice no dia a dia? Ora, se toda vez bate a porta, projeto de um outro projeto, cópia de outra cópia. 
Valorizamos o que desejamos ver e não o que desejamos aprender, pois cabe seguir a vida levando receitas mal concebidas do real. Mas eis que o sentido da palavra "cultura", por si, quer dizer; o cultivo, o cultuar.
Hoje vivemos mais da propaganda, do que o que realmente é ou deveria importar.

          "Portugal - Trabalhador do Minho"

Ao cavar com profundidade na solitude do seu próprio interior, se descobre uma visão mais profunda da realidade, mais clara. Pois traz consigo novas experiências. Sob formas e aspectos da qual povos antigos, reconheciam inclusive em sonhos.

                   (Coração da Terra)

(Ilustrei esses desenhos com nenhuma pretenção, a criatividade se dá por um contato maiormente inconscientemente)

Aqui citarei o psíquiatra austríaco Carl Jung que dedicou sua vida aos estudos dos fenômenos psíquicos. 

 ( A visão dos quatro animais simbólicos)

Em seus estudos Jung faz uma análise profunda, sobre o que denomina de "arquétipos" - figuras mitológicas, seres híbridos, personagens ficcionais, entre diversos outros tipos. As figuras arquetípicas são a nossa base mental de associações e assimilações do mundo psíquico com a realidade. Portanto, são a ligação central do "ego" (o seu "eu") - a maneira do homem ser formado em sua personalidade, com suas crenças, mitos, desejos e aspirações. 

Para exemplificar, citarei o arquétipo do guerreiro. O personagem da coragem, que incorpora nossas virtudes, sendo em variantes; o desbravador, o entusiasta, o aventureiro, o explorador, o descobridor, o conquistador, etc. Este personagem que levemente foi sendo ocultado de nosso horizonte, silenciado por outras entradas desmedidas. 

Este personagem de muitas características, serve para nos lembrar dos compromissos, da responsabilidade, da vitória do ato heróico, do suor da conquista, do triunfo sobre o mal. Bem se nota que também o "mal" foi extirpado de cena. Como que sem inimigos, o ser pensante não busca a luta, pois não parece existir o mal. 
Cabe ao bom guerreiro se capacitar das armaduras de ferro espirituais, contra quem não se vê a olho nú, mas se sente no coração do homem bom.
Como diz o sábio ancentral japonês; "A força de um homem não está na coragem de atacar, mas na capacidade de resistir aos ataques." E Sun Tzu que dizia que o bom general conhece a si próprio e o seu inimigo, pois mais vale conhecer seu terreno, e respeitar os limites do tempo.


A importância da Pintura

Para quem pinta Reorganiza sua convicção, separa o que é material do que é espiritual, te ajuda psicologicamente se sentir dentr...