Uma página em branco pode encontrar, mil ideias achar. Em uma variedade infinita de cores, se escolhe a mais predominante, as possibilidades estão presentes. Mas não basta, ainda falta algo, falta a presença, a captação dos rastros de vida existente, dos movimentos. Pode haver milhares de escolhas, mas só uma única, pode compensar. Compensar o que? Alguma semelhança consigo mesmo. Formamos algo apartir do que vemos, tiramos uma ideia de outra ideia, e ainda consegue ser inédito. Porque ninguém costuma ter "o traço" do outro. Poderá ser um imitador muito bom, mas será sempre o aprendiz de si mesmo. Porque esta é a nossa condição humana. Não somos mestres, mas nos colocamos como aprendizes no decorrer do trabalho de outra pessoa. Se ela trabalha, eu trabalho. A inspiração brota, sim, por mais tola que vá ser depois, ela brota. Do mais profundo do seu ser, por isso é tão interessante olhar a vida sob esse ponto de vista, aqui já não mais se distorcem as palavras, nem as manipulam, se ouve os ditos pelo silêncio. No turbilhão efervescente das ideias. Que são tão mal tratadas, julgadas. Mas quem julga não tem espaço para observar, nem quem observa tem espaço para julgar. Os caminhos falam por si, como dizem "contra fatos não há argumentos". Nas angústias, ninguém o ouvirá, a não ser Deus.
Mas quem emite angústia, vive dela. Quem emite o consolo, o achará na sua própria vida. Porque nosso empenho deve ser ouvido pela voz de Deus, ao corromper com nosso trabalho, corrompemos conosco. Aceitar um fracasso, é talvez muito provável, a aqueles que se sujeitam a substituir a sua autênticidade por algo que dê dinheiro ou promessas afortunadas. Mas aceitar a falha é muito melhor, porque dela se tirará algum proveito. Melhor aceitar uma jornada a seguir, do que morrer no caminho sem saber.
